Meninas Bonitas dão beijinhos!





Ora, vamos lá ver, tal como há pessoas (maioria) que acha que quando nos tornamos mães, os nossos neurónios fogem para um local indeterminado e têm de nos dizer sempre que a criança tem frio, fome (mesmo que não tenha) ou está a chorar (a sério, não tinha dado por nada… nem tenho ouvidos, nem nada), há aquelas que acham que as crianças são uma espécie de bonecos à sua inteira disposição.

Esquecem-se que uma criança é um ser humano dotado de vontades (não muitas, de preferência) e direitos, que lhes permitem não ser apertadas, beijadas e pegadas ao colo por quem não gostam ou não conhecem. Não me parece assim tão difícil de compreender, afinal, os adultos andam aos beijos a toda a gente? É, no mínimo uma falta de consideração pela criança. Se já se esqueceram como era quando eram eles os pequeninos indefesos, eu não. E odiava.

A minha filha é uma beijoqueira, ela pode até nem falar, mas o beijinho dá de certeza, a quem conhece e a quem gosta, aos outros não. Nem eu quero. Ela não fala com estranhos e nem eu quero que fale. Parece óbvio? Mas não é…

Um destes dias, cruzámo-nos na entrada do prédio com uma vizinha (que, aqui entre nós, eu se pudesse fazia o mesmo que a L) e ela abre os braços e diz “Anda cá dar-me um beijinho! Estás tão grande?” a miúda olhou para ela e olhou para mim e toca de começar a pedir colo, não fosse aquela estranha tresloucada agarrá-la. A senhora disse algo sobre raramente nos ver (talvez porque fala alto na escada e eu espero que ela desapareça antes de sair de casa, shhh, não digam nada) e diz para a miúda “Então? Não me dás beijinho?”

A miúda olha para mim com ar desesperado e ela diz “As meninas bonitas dão beijinhos” Respirei fundo 3 vezes para não lhe atirar com uma coisa à cabeça e digo “Não, as meninas bonitas dizem bom dia, não dão beijinhos.” A senhora abre a boca para responder e antes que me saísse algo que não devesse, digo, em tom de brincadeira, mas muito a sério “A senhora também não anda aos beijos aos vizinhos, pois não?”

Ela ri-se, sem ter a certeza se eu estava a brincar ou não e eu entrei no elevador com a L ao colo, a pensar "ficou tudo doido, ou sou só eu?"

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