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A mostrar mensagens de 2020

“Então… Como é que fazemos?”

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  Cá por casa, andamos com um problema com a L. Nada de extraordinário, é, na verdade, relativamente comum, mas tem nos preocupado um pouco ultimamente: a L rói as unhas. Muito. Isto não é assim tão extravagante nem, provavelmente, um problema assim tão grande, mas há dias em que estão tão roídas que receio que ela se fira seriamente, provocando alguma infecção.  Isto é, na verdade, uma história antiga e começou quando a L entrou para o infantário. Como a maioria de vocês sabe, ela esteve comigo até aos 3 anos e na altura achei que era um mecanismo de defesa natural para lidar com alguma ansiedade e que acabaria por passar. Mas não passou… No ano lectivo anterior, tivemos todos aquele meses em casa e adivinhem lá o que aconteceu - nada de unhas roídas. No entanto, só liguei uma coisa à outra quando, este ano, após o começo das aulas, a L voltou à sua rotina de roer as unhas. Depois de muitas conversas sobre como era perigoso roer as unhas daquela maneira, sobre como se iria magoar, com

Porquê vídeos? Porquê agora?

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  Como já notaram, publiquei recentemente um pequeno vídeo para nos rirmos um pouco do ridículo pelo qual temos de passar todos os anos nas reuniões de pais.  O blog vai continuar, algumas pessoas perguntaram se eu iria acabar com o blog. Não, nem pensar. Isto é uma óptima forma de desabafar, quer vocês gostem de ler ou não. 😉 A decisão do vídeo foi tomada porque às vezes as palavras escritas não transmitem a grandeza da loucura que uma pessoa tem de enfrentar. Além disso, era muito mais fácil fazer-vos rir (espero ter conseguido) em vídeo, do que com um texto escrito. E, da maneira como andam as coisas no mundo, rir é o que a gente precisa… Uma pessoa perguntou-me se já me tinham dito aquelas coisas em reuniões de pais. O mais triste é que sim. Algumas daquelas e muitas outras que não pus. Daquelas que não sabemos se é para rir ou para chorar, sabem? Algumas coisas foram-me ditas em outros contextos e aproveitei e claro, exagerei (um bocadinho) para propósitos cómicos. Portanto esper

A camisola que muda de cor

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  Sabem aquelas coisas que vocês disseram que jamais fariam quando tivessem filhos? Aquela coisa ridícula que os outros pais todos fazem e vocês “Ah, nem pensar. Era o que faltava…” Sabem não é? Só que depois eles nasceram… A L está agora a despertar para a questão das roupas e sapatos. Aquela "piruseira" que a gente já conhece nas miúdas em idade pré-escolar. Um destes dias decidiu pedir-me uma coisa que ela queria mesmo muito ter - uma camisola que muda de cor. Que muda de cor? Que raio inventaram agora? “Sim, mãe. Igual à da F. Ela tem uma camisola e tem um coração e ele muda de cor.” Bem, já não é a camisola, é o boneco… Mas muda de cor como? Após algum tempo de investigação descobri que são lantejoulas (que mãe ignorante esta)! Lantejoulas reversíveis - até tem um nome pomposo e tudo. Têm cores diferentes de ambos os lados e conforme eles “penteiam” aquilo fica de uma cor ou de outra. Lantejoulas! Brilhantes.  Digo-lhe “Ah filha, que coisa mais pirosa.” E ela diz “Ah, ma

O terror dos Filhos Únicos

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  Eu sou filha única e o meu marido também. Conheço portanto as lutas e as vantagens de o ser. Também a L é, e provavelmente será, filha única. É pena, mas tem de ser. No entanto, como em todas as outras situações da vida, as outras pessoas (aquelas que mal nos conhecem e não têm nada a ver com o assunto) acham que têm direito a uma opinião. Já sabemos como funciona, certo? Aparentemente, a L vai tornar-se numa pessoa egoísta, sem capacidades sociais e solitária. Enfim, espera-a um futuro terrível.  Sim, na minha opinião, ter um irmão ou irmã é das melhores coisas, mas vamos lá tentar não arranjar problemas onde ainda não existem, sim? Este post é para todas as mães de filhos únicos que temem por eles, porque toda a gente à sua volta se acha sábia o suficiente para dar palpites. Solidão Esta é umas preferias dos defensores do “dá-lhe um irmão custe o que custar”. Devo dizer que nunca me senti só. Tinha amigas para brincar, para sair, para conversar. Havia primos, vizinhos e pasme-se,

O medo (quiçá exagerado) dos traumas

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  Muito tenho ouvido falar de trauma nestes tempos conturbados. Surgem especialistas debaixo das pedras para debater o assunto. Quão traumatizadas as crianças vão ficar de não ir è escola? De não ir ao parque? E ao centro comercial? De não estar com os amigos? Mas então, e aquela parte de estar com os pais o dia todo, todos os dias? Bem, dependendo de vários factores pode ser um trauma e tanto… Apesar de tudo, esta conversa à volta dos traumas que estas gerações poderão vir a ter, fez-me pensar noutras questões relacionadas (com os traumas, bem entendido). Mas não esperem um texto técnico-profissional aprofundado sobre o tema. É só um pequeno desabafo sobre como esta pequena palavra nos lixou a todos. Noção de Trauma “O trauma psicológico é um dano à mente que ocorre como resultado de um evento angustiante.” Há uma série de eventos que são de extrema angústia para uma criança. Alguns só muito tempo mais tarde é que percebemos o verdadeiro impacto que tiveram. Às vezes uma palavra dita

Os Planos de Futuro da L

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Cá por casa ainda não há desconfinamento. Há, quanto muito, um semi-desconfinamento que nos leva de tempos a tempos a sair, mas sempre com muito cuidado e geralmente dentro de propriedade privada. Não vivemos com medo, vivemos com respeito. Algo que muita gente desconhece. Enfim, não comecemos a divagar. A L compreende que “as pessoas estão doentes” e aguarda pacientemente o momento em que lhe diga “Está tudo bem, podemos sair”. (Ela acha que acorda um dia de manhã e de repente, já não há COVID. Era bom…) Pensando neste “dia”, depois das pessoas ficarem boas, esse depois indeterminado que está a dar connosco em doidos, ela tem uma lista de coisas que vai fazer. Coisas mesmo muito importantes. Dormir na Avó G Ah, ir dormir na casinha da avó, ter ao jantar a sua comida preferida, não ter horas de deitar (nem de levantar no dia seguinte), receber todos os mimos do ano num só dia. Pois. Uma das coisas que a L tem saudades é de dormir na casa da avó. Sabem como é, a casa dos avós é aquele l

Lá se foi o orgulho…

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Nunca fui dada ao sentimento patriótico, nunca me importei de ser portuguesa, como não acho que me importaria de ser de outra nacionalidade qualquer. Nunca me fez sentido enaltecer fosse o que fosse dessa forma, visto que é o começo entre o “eu” e os “outros” que depois nos afasta e nos coloca em grupos opostos. Aquele orgulho nacional era coisa da qual eu não sofria. Mas senti orgulho quando fomos dos países a fechar mais cedo por causa da pandemia. Senti orgulho, quando vi as ruas desertas e o esforço de todos. Afinal se calhar até sofro dessa coisa do patriotismo… Até que… o nosso governo decidiu recomeçar a abrir o país apesar de termos uma média de 200 a 300 novos casos por dia. Hmmmm. E agora vemos as pessoas a fazer festas, a armarem confusão à porta das lojas porque não querem usar máscara… Afinal não somos assim tão cheios de civísmo. Era tudo a fingir. Afinal, precisamos que uma autoridade nos obrigue a fazer algo que só nos faz bem… Devo dizer que por cá, ainda não desconfin

Reabertura das Creches

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Na próxima segunda-feira abrem as creches. E eu tenho tantas questões… Bem, na verdade, são questões de mera curiosidade, visto que a L não vai voltar à escola antes de Setembro. Ainda assim, não posso deixar de ser solidária com aqueles que não têm outra opção. Quando esta história foi falada pela primeira vez, o Sr. Primeiro Ministro referiu-se às creches e a crianças com 4-5 anos, o que me chocou. Como é possível que o Primeiro Ministro não saiba a diferença entre creche e pré-escolar? Entretanto, alguém o esclareceu, que é para isso que servem aqueles fulanos e fulanas todos que andam permanentemente atrás dele, certo? Agora, vamos lá ver se nos entendemos. Assim, só por curiosidade: numa guerra manda-se para a frente de combate os bebés? Chamem-me antiquada, mas no meu tempo, eles eram protegidos. Claro que há sempre aquele argumento de “Então mas queres ficar em casa para sempre, não?” E quero. Eu trabalho em casa. A minha vida já é esta desde… Já nem s

Quando a Madrinha se Trama

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Antes de dormir, temos sempre de ler a histórinha da praxe. A L adora e ajuda-a a acalmar para adormecer. É o momento pedagógico das lições de moral e das chamadas de atenção para as diferentes letras.  Um destes dias, foi a vez de lermos a Gata Borralheira . A L nunca acha graça nenhuma aos príncipes encantados e donzelas indefesas, mas desta vez, como sempre, surpreendeu-me. Quando terminámos de ler a história, ela diz-me muito séria “Oh, mãe! Nós temos uma abóbora na cozinha.” Hmmm. Isto nunca se sabe o que vai sair daqui, mas lá respondi, meio a medo “Pois temos…” E ela diz-me muito segura de si “Temos de dá-la à madrinha para ela me fazer uma carruagem.” Ups. Ela saltou a parte da “fada”. Um detalhe claro. Sem importância nenhuma. E digo-lhe “Não acho que a madrinha consiga fazer-te isso L.” E lá vem a resposta “É claro que consegue!” Pois claro, então a madrinha pode tudo, não sabiam? Achei-lhe graça e digo “Bem, ok. Mas então e os ratos? Não temos ratos cá

Não, não sou capaz

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Os miudos têm fases e a L está numa daquelas fases em que parece não acreditar em si mesma. Todos passam por isso, já sabemos, mas torna-se difícil saber como ajudá-los a ultrapassar. Principalmente, quando eles nem sequer se arriscam a tentar. O que mais se ouve cá por casa nos últimos tempos é “não sei” ou “não sou capaz”. Qualquer trabalho enviado pela escola, ou mesmo que sejamos nós a pedir-lhe (sim, os pais também podem inventar umas coisas para eles fazerem), se tiver alguma diferença do que ela está habituada diz logo “Não sei fazer.” ou “Não consigo.” Quando faz e a coisa não sai lá como ela queria, chora. Se lhe dizemos que podia ter feito melhor, chora. Se dizemos “Não podes fazer isso.” Adivinhem lá? Chora! Quando tudo isto falha e ninguém lhe passa a mão na cabeça, ou a obrigamos a fazer seja o que fôr… “Estou canxada!” Inspira, expira e há que ter paciência. Isto da quarentena está a mexer com todos nós, até com os miúdos. E há dias bem di

A Temida Quarentena

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Estamos em quarentena há duas semanas. A L todos os dias pergunta “mas afinal quando é que abre a escola?”. E todos os dias a resposta é a mesma: “não sei”. A sensação de incerteza e a percepção de que alguma coisa não está bem, confunde-a. Apesar de saber “que há muitas pessoas doentes e não podemos ir lá para fora senão ficamos doentes também”, uma criança de 4 anos não tem a verdadeira percepção do que se passa. E será que nós temos? Eles estão em TODO o lado Tenho visto por aí gente a prever o quanto vai engordar, pais que subitamente passaram a respeitar mais os professores e outros que estão a dois passos de se tornarem alcoólicos. Brincadeiras à parte, estamos todos a dar um bocadinho em doidos. Por aqui, os dias passam calmos. Estar em casa não me perturba, teletrabalho é o meu modo de trabalho habitual. Mas há uma diferença fundamental: a proibição .  A L é uma criança calma. Eu vou conseguindo trabalhar e ela brinca e faz os trabalhos enviados pel

A Aula de Natação e as mães-galinha (ou pais vá)

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A natação é uma daquelas actividades que quase todas as crianças têm, ou já tiveram. Tem inúmeros benefícios para a saúde e nós tendemos a procurar, cada vez mais, actividades que proporcionem a prática de exercício físico aos miúdos. Enquanto criança, também fui uma dessas que tinha natação. E odiei. Odiei a natação, a piscina, os professores, a logística envolvida… Não aprendi a nadar, nem aprendi absolutamente nada no meu, felizmente único, ano de tortura. No entanto, este ano decidi inscrever a L. Não por causa dos n benefícios sugeridos pelo médico, mas por um motivo muito mais prático: a piscina em casa dos avós. Eu não quero!… À medida que a L se torna independente, comecei a recear que alguma brincadeira perto da piscina, acabasse com ela lá dentro. Por mais cuidados que tenhamos, sabemos que os miúdos têm aquela capacidade fantástica de nos distrair para fazer todo o tipo de asneiras. No início das aulas, a L vinha sempre chorosa e no dia da natação,

O meu papá é "streamer"

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O que faz o pai? Qual o trabalho da mãe? Eram questões muito simples de responder quando eu era miúda e o pai era mecânico e a mãe dona de casa. Simples e claro. Não era preciso dar mais explicações, pois toda a gente sabia o que isso era.  As coisas mudaram um bocadinho no que diz respeito às profissões e cá por casa ninguém é médico, engenheiro, professor ou qualquer outra dessas coisas que os miúdos sabem imediatamente o que é. No meu caso, a L nem sabe sequer dizer a palavra… Ora, como é frequente nestas idades, a sala da L anda a explorar o tema das profissões e a educadora pediu que, em conjunto com os pais, as crianças fizessem um trabalho onde apresentariam as suas profissões. Sabem aquele momento em que pensam “agora é que me lixaste.”? Pois é. Este foi o meu. Como é que ia explicar isto aos miúdos? Marketing ? Que é isso? Streaming ? Havia a possibilidade de nem a própria educadora saber o que é… Lá tentamos ter uma conversa com L sobre a profissão da mãe

A lógica dos gatos

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Nós temos dois gatitos felpudos e jeitosos que são… bem, como todos os outros gatos. Querem é dormir num sítio quentinho e de vez em quando comer qualquer coisita… Um deles tem uma paixão arrebatadora pela L e o outro tem um paixão arrebatadora… por se manter o mais longe possível dela. Até recentemente. O Inverno chegou e suportar este frio está difícil. A miúda é a primeira a ir para a cama quentinha por isso, ele concede-lhe o benefício da dúvida (ou dos edredons quentinhos). Assim, é cada vez mais comum encontrar ambos os peludos aninhados na cama da L. Numa destas noites, estava eu ainda no quarto quando ela me diz “Oh mãe, olha os gatos aqui em cima da minha perna” De facto estavam os dois tipo trambolho em cima dela (sempre são cerca de 5 e 6 quilitos jeitosos). Afastei-os ligeiramente, mas não se deram por vencidos e a L voltou a reclamar. “Não os queres ao pé de ti?”  Perguntei-lhe isso porque até há pouco tempo, o seu grande desgosto era que “ O Ninji