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A mostrar mensagens de 2021

37 não é febre

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  Como psicológica, estudei largamente os conceitos de normal e patológico associados, obviamente, à saúde mental. O que é o normal, ou saudável, o que não é, será que é igual para todos, será que… Ensinavam-nos que as pessoas não são uma espécie de lista de compras em que íamos preenchendo critério a critério com um vistozinho e pronto. Nada é preto e branco. No entanto, aparentemente, não é assim em todas as áreas da saúde. Para a medicina tradicional, as coisas são diferentes e não há espaço para tons de cinza. Ou é X ou é Y, mais nada. O que é “estar doente”? O que eu sinto tem algum valor para o diagnóstico final? Uma vez mais, na psicologia sim, o grau de sofrimento do doente é fundamental para determinar o normal e patológico. Compreendo que, por vezes, ainda não sentimos nada e já estamos doentes, mas o contrário poderá ser real também? Na última semana de aulas recebi uma chamada da professora a dizer que a L estava febril, por volta de 37º e muito murchinha, queixava-se de ca

Os Dramas

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  Vocês lembram-se daqueles dramas terríveis, dos desentendimentos com os amigos, sempre por coisas absurdas e sem sentido, mas que nos deixavam muito tristes e infelizes? Pois é, eu já não me lembrava dessa parte. Quer dizer, lembro-me dos dramas da adolescência, mas era outro tipo de dramas. Agora os dramas de 1º ciclo… Não me lembrava e não estava preparada para isto. Hahaha Todos os dias há um drama qualquer entre os miúdos. A L vem deprimidíssima quando a sua melhor amiga se ri dela, ou quando alguém disse não sei o quê de não sei quem. Para vos dizer a verdade, muitas vezes nem consigo acompanhar a história. Já é extremamente cansativo e intelectualmente desafiante manter-me a par do nome de todos os melhores amigos, quanto mais saber quem fez o quê a quem… É que são histórias complicadíssimas! Ao mesmo tempo que tento não me rir dos gravíssimos problemas e momentos de crise, é todo um novo processo de crescimento e aprendizagem que é delicioso de ver. Lidar com sentimentos e est

"Aconteceu uma coisa horrível!"

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  Acho que já mencionei neste blog como a L tem uma espécie de veia dramática super apurada e digna de um Óscar. Na semana passada, fui buscá-la à escola e ela vinha a contar-me as peripécias da sua vida, quando me diz “Sabes mãe, hoje aconteceu-me uma coisa horrível.” Ui. O que é que vai sair daqui? “Então, o que é que te aconteceu?” E ela diz-me “Estás a ver este dente aqui?” Não, não estou. Claro que não estou, mas ela gosta de fazer estas coisas enquanto vou a conduzir e não posso olhar para trás. “O que tem?” “Olha, eu bati com a boca e está a abanar.” Eu realmente acreditei que era devido ao pequeno incidente e disse “Não faz mal, ele ia cair de qualquer forma, adiantaste serviço.” Ao que a L me responde “Mas foi horrível! Nem contei aos meus amigos, só a uns poucos amigos.” Eu tive vontade de rir, mas só disse que não era motivo para isso e seguimos caminho. Em casa reparo que o “acidente” foi apenas uma coincidência pois já está a nascer, não um, mas dois novos dentinhos… A L

Balanço do 1º ano até ao momento…

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    Ao fim de mais ou menos um mês de aulas, temos um pequeno balanço do que se passa na escola e na nova vida da L. Há uma consciência de que tudo mudou e a sua vida se tornou ligeiramente mais difícil, mas de uma maneira geral, acho que o balanço é muito positivo. 1. A professora é simpática Esta foi uma coisa que a L me disse logo no primeiro dia. Embora eu considere que a simpatia de uma pessoa não a faz melhor ou pior profissional, a verdade é que uma professora é um adulto de referência na vida das crianças. Uma referência muito importante. Assim, é muito bom ver que se estabeleceu uma boa relação e a L se sente bem com a sua professora. 2. Os WC são giros Por esta não estava nada à espera, devo dizer, mas outra das coisas que vieram à baila logo nos primeiros dias é como “as novas casas de banho” são mesmo fixes. Bem, antes assim, certo? 3. Os meninos correm muito Esta sempre foi uma preocupação da L que não gosta nada de confusões e demasiado movimento. Por isso, foi logo a pri

O Polvo

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    Sabem aquela altura dos pesadelos, em que os putos nos acordam quase todas as noites porque tiveram “um sonho mau”? Terrível. A L passou por uma fase dessas, que felizmente foi sumindo. Houve bastante trabalho com ela para aprender a lidar com eles e a acalmar-se e agora tudo parece mais tranquilo. Inventamos um jogo de visualização de borboletas que ajudou imenso - sempre que ela tem um pesadelo, imagina a borboleta mais linda que alguma vez viu a voar num jardim. Tolo? Talvez, mas resulta. Há uns tempos atrás, a L estava a arranjar-se de manhã e diz-me que tinha imaginado uma borboleta cor de rosa com as asas brilhantes e mais não sei o quê… Bem, piroseiras à parte, resultou pois ela não me chamou de noite… Então perguntei-lhe o que se tinha passado. - Tive um sonho mau com um polvo. - Então? Tiveste medo? - Não. Atirei-lhe um lençol para cima e ele não via nada. - Então o pesadelo foi do polvo, não teu. - Mas agora não estamos a falar disso! Aparentemente, só se pode falar no q

Acerca dos Sonhos

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  Sonhos é algo que todos temos. Mas muitas vezes, damos-lhes mais valor quando somos pequeninos. Embora eles mudem ao longo da nossa vida e maioria deles, deixem de ser importantes com o tempo, aquele sonhos de criança ficam cá sempre como uma recordação. É muito bom sonhar e é muito bom ver os sonhos dos nossos pequeninos. Saber que querem algo (mesmo que amanhã deixem de querer), que têm algum tipo de aspiração e que pretendem lutar por alguma coisa. A L tem muitos “sonhos” e quer muitas coisas como qualquer criança feliz e saudável, mas um dia destes, ao ler-lhe uma história tivemos uma conversa ligeiramente surreal. Mas super fofa! Lemos uma história sobre uma menina que tinha o sonho de ser médica e lutou muito e estudou muito para o alcançar. No fim da história, tentei reforçar a ideia de esforço e o tentar até conseguir. Quando queremos muito uma coisa, não desistimos. Tentamos outra vez. Então a L diz-me: - O meu sonho é ser veterinária. Aproveitei para dar aquela dicazinha su

"Não gostei de nada!"

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  A comunicação e a capacidade de uma criança se abrir com os pais é algo vital no desenvolvimento na sua relação connosco. Sempre foi algo que me preocupou com a L, sempre foi muito fechada e não gostava nada de me contar o que se passava na escola. Era tudo tirado “a saca-rolhas” e era quando conseguia. Então adoptamos uma técnica sugerida pela primeira educadora dela e perguntamos o que mais gostou e o que menos gostou do seu dia e porquê. Um destes dias, a L chegou da escola bem disposta e divertida como sempre, e enquanto a preparava para o banho fiz as perguntas da praxe. Qual não foi o meu espanto quando ela me responde “Não gostei de nada! Foi um dia péssimo!” (Sim, ela tem uma veia dramática.) Entretanto reparo que ela traz uma roupa diferente do que aquela que levou de casa e pergunto-lhe o que se passou com a roupa. - Oh mãe, a J zangou-se muito e eu não gostei. Hm, que raio é que aprontaste? Pensei eu, a tentar manter uma cara desinteressada e digo “Ah sim, então porquê? Fi

Mas porquê, mãe?

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    Se há coisa que sempre adorei ao conversar com uma criança é a perspectiva, inocente, que têm do mundo. Muitas vezes, fazem-nos parecer, a nós adultos, perfeitos idiotas. Uma das minhas playlists no Spotify foi feita para a L com as “músicas das princesas” - músicas de filmes da Disney … A playlist ainda está em construção e o Spotify vai acrescentando músicas que considera parecidas e esta semana, uma dessas músicas era retirada do filme Pocahontas . A música que aparece quase no final, chamada “savages” no original. Para quem não conhece, ou não se recorda, podem espreitar aqui a versão portuguesa.  A L ouviu a música até ao fim em absoluto silêncio. Quando terminou, olhou para mim e disse “Que música tão estranha. É de onde?” Expliquei-lhe e ela quis saber “Esse filme é sobre o quê?” Bem, eu sei que devia ser acerca de duas pessoas que se amam muito, mas todos sabemos que não é, certo? O filme é acerca da estupidez humana. Tentei então explicar-lhe o contexto da música em s

Cuidar do ambiente pode ser uma odisseia

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  Todos nós já devíamos ter percebido que o nosso planeta está a caminhar a passos largos para o abismo. Como pessoa que espera ainda estar viva em 2050 e como mãe de uma criança que merece ter um futuro, tenho várias preocupações neste sentido. Reciclo, procuro comprar produtos não embalados ou com o menor número de embalagens possível (alguns chegam a ter 3 embalagens de plástico!) e tento passar estas noções para a L. Apesar de saber perfeitamente que o lucro ainda ganha à proteção do meio ambiente (as grandes empresas consideram que vão gastar os seus milhões no inferno ou assim…), dei comigo surpreendida com uma situação. Recentemente, a educadora da L esteve a trabalhar com os miúdos a política dos 3 Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) nas suas aulas online. Para sistematizar a questão da separação do lixo, sugeriu um trabalho onde as crianças tinham de desenhar os seus ecopontos e depois recortar imagens dos panfletos de supermercado e colocar no ecoponto correto.  Parece fácil c

Fecho das escolas, testes à Covid e aulas online (Help!)

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  O título resume de uma forma muito eficaz os últimos tempos cá por casa. Na última semana de aulas, a L já só foi à escola uma vez, mas ainda assim, teve um contacto de risco. E claro, as actividades online são sempre aquela coisa que aquece o coração, não é? Esta história das escolas (e dos treinadores de bancada) Esta história do fecha e não fecha das escolas que durou durante quase duas semanas finalmente chegou ao fim. Já ninguém aguentava isto. O António Costa parecia um puto com birra que não quer ir para a cama mais cedo… A L não foi à escola a semana toda, teve de ir na terça feira infelizmente, mas de resto não foi. E por vontade do pai já estava em casa desde o início do mês de Janeiro. Claro que nós temos a vantagem de trabalhar em casa, sempre facilita tomar essas decisões.  Devo dizer, no entanto, que me custou, sentia que estava a privá-la da convivência, da aprendizagem, enfim, do desenvolvimento que a escola lhes proporciona. Mas ficou. Tudo pesado, era o melhor, inde