Mensagens

A mostrar mensagens de 2022

Perspetivas - ou como dar a volta aos miúdos

Imagem
    Como colocar os miúdos a fazer aquilo que nós queremos? Esta é uma questão colocada por muitos pais, professores e outros cuidadores. A partir de certa idade, os miúdos ganham uma espécie de prazer interior em dizer “não” e em contrariar todos os nossos esforços. Muitas vezes, chegam ao cúmulo de recusar um pedido nosso, mas aceitar o mesmo exato pedido, vindo de outra pessoa qualquer. Porquê? Nem eles sabem. Então, como contrariar isto? Perspetiva! Na segunda-feira, a L chegou a casa muito feliz porque não tinha trabalhado nada naquele dia. “Como assim, não trabalhaste?” “Não fizemos nada, mãe!” Hmmm, que estranho. “Então, não fizeram nenhum trabalho? Nada, nada?” “Não.” “Então o que estiveram a fazer o dia todo com a professora?” “Olha, lemos uma história e fizemos jogos de matemática, com contas e assim.” Ela não percebeu porque é que eu me ri. Mas convenhamos que eles conseguem ser mesmo tótós… Não trabalharam nada, só jogaram. Mas aposto que aprenderam mais com este “jogo”, ne

Por que é que eu tenho que crescer?

Imagem
  Dificilmente uma criança vai colocar a questão desta forma, mas é o que sentem quando as responsabilidades começam a aumentar. Um dia são bebés e tudo é simples e no seguinte estão no primeiro ciclo com responsabilidades. Têm de aprender e estudar e realizar provas. E essas coisas dando tanto trabalho. Era tudo tão mais simples antes… Podemos mesmo culpá-los por sentirem que crescer não é assim tão divertido? É chato! As crianças são todas muito diferentes e cada uma tem os seus timings e desejos. A L gosta muito de conhecer coisas novas e aprender, mas trabalhá-las é que já não é muito divertido. A escola tornou-se chata e muitas aulas ela já não gosta. Não se importa de trabalhar com um grupo de amigos, adora quando tem a ajuda da professora, mas isto de pegar numa ficha e fazer sozinha… ela prefere ficar a contar as moscas que passam. Autonomia Todos nós, se houver duas formas de fazer algo e uma for mais fácil que a outra, vamos naturalmente escolher a mais fácil. As crianças nã

Necessidades Especiais

Imagem
  Este ano decidimos que a L tinha de expandir horizontes e optámos por procurar uma actividade extra-curricular fora do ambiente escolar e portanto, fora da zona de conforto dela. É uma criança tímida e precisa lidar com outras crianças e outros adultos. Enfim, conhecer uma realidade diferente daquela que tem desde os 2 anos. Decidimos então procurar uma escola ou estúdio de dança, visto que ela adora dançar. Parece simples, não é? Ah, e tal, não. Depois de uma breve pesquisa na Internet, descobri que havia vários sítios interessantes para a L poder praticar, pertinho de casa. Desatei a mandar emails para obter informações. Um dos estúdios respondeu rapidamente, inquirindo detalhes como a idade, etc. Ora, a L tem epilepsia e os adultos que cuidam dela, devem estar informados do problema e do que devem fazer em casa de episódio (especialmente, nos casos mais graves, que felizmente ainda nunca aconteceram). Assim, respondi a todas as questões e informei o estúdio. O tom do email seguint

Casamentos "child-free"

Imagem
  Tenho visto ultimamente tanta, mas tanta coisa sobre este tipos de festa de casamento. Para que fique bem claro, não estou a falar de casais que não querem ou não podem ter filhos, estou a falar do dia do casamento propriamente dito, em que os noivos não querem crianças presentes. É mais uma daquelas modas americanas que nós gostamos de adoptar sem motivo absolutamente nenhum. O mais engraçado, é que parece estar a gerar enormes confusões. Essa parte é que é engraçada. As justificações Eu não acho propriamente normal recusar crianças no dia do casamento, mas compreendo o porquê. A sério que sim. Com o comportamento que às vezes se vê nalgumas crianças, sem que nenhum adulto lhes diga nada ou as chame à atenção… No entanto, acho um bocado triste chegar a esse ponto. Como potencial noiva não é assunto que me afete, pois não pretendo casar nos próximos tempos, mas se o fizesse, gostaria de lá ter os meus priminhos pelo menos, e francamente, não teria lata de convidar alguém e dizer “mas

A Morte de um Animal de Estimação pelos olhos de uma criança

Imagem
  Como maioria de vocês já sabe, perdemos recentemente um dos nossos gatos: o nosso querido Hobbes. O Hobbes tinha 7 anos e tinha linfoma. Após um mês e meio com sessões de quimioterapia semanais, os seus rins deixaram de funcionar. Devido ao sofrimento intenso do animal, fomos obrigados a eutanasiá-lo. O Hobbes era o grande companheiro da L, o que torna todo o processo ainda mais complexo. Ela sabia que ele estava doente e que, a morte era uma possibilidade. Mas mesmo quando estamos à espera que aconteça, nunca achamos que será hoje. É sempre amanhã . O Susto O Hobbes esteve relativamente bem até 3 dias antes da sua partida. A quimioterapia parecia estar a dar resultado, ele comia e brincava e tudo corria bem. Até que, naquele dia de manhã, ele foi acometido por imensos vómitos, e em seguida ficou prostrado. Não comia, não bebia, não se mexia para nada. Sempre foi um gato ativo e brincalhão, por isso, imediatamente a L percebeu que algo não estava bem. Disse-lhe (e acreditava nisso na

Como é que te explico que o mundo endoideceu?

Imagem
    Muitas vezes, nós adultos (bem, pelo menos eu), sentimos que está tudo doido à nossa volta. Eu questiono-me muitas vezes se sou eu, ou se é o mundo. Mas já nos acostumamos a essa sensação. Quando, pela primeira vez, os miúdos começam a perceber que há tanta coisa que não faz sentido, e fazem questão de nos mostrar o ridículo da situação, levamos o primeiro balde de água fria. Como qualquer outra criança, há muita coisa que a L não entende. Não que ela não compreenda do ponto de vista cognitivo o que lhe é explicado, mas apenas não lhe faz sentido. Porque é que alguém iria fazer ou dizer algo assim? Com que propósito? Assumir perante ela que ela tem razão e não há lógica nenhuma nalguns comportamentos foi algo que nunca tive problemas, mas agora essa explicação já não é suficiente. Se não tem pés nem cabeça, então porque o fazem? Isto acontece acerca das mais pequenas coisinhas do dia a dia. Porque é que não paraste no sinal amarelo, se disseste que devemos parar? Porque é que estam

Estamos cercados!

Imagem
  Estamos cercados. A Covid-19 está por todo o lado e não há como evitar o assunto. Em 2 anos de pandemia nunca o senti tão perto como agora. Testes atrás de testes. De farmácia, de laboratório, auto-testes, tudo o que nos der um pouco de descanso. Spoiler alert : não dá. A L já me diz que não quer mais, porque “Aquilo vai até lá acima aos olhos, mãe!”. Estamos rodeados por pessoas em pânico que se querem esconder debaixo da cama até 2054 e outras que não querem testes, nem vacinas, nem coisa nenhuma. Olhos que não vêem, coração que não sente, suponho. As escolas estão à pinha de infectados e cada dia há menos carros a parar em frente do portão quando vou levar a L. As crianças estão na sala de aula, mas alguns professores em isolamento esforçam-se por dar as aulas a partir de suas casas, enquanto uma auxiliar tenta controlar o que se passa em sala de aula. Outros meninos tentam acompanhar as aulas à distância. Na sala já não percebem nada, em casa mal conseguem ouvir. Valha-nos o São