9 Dicas para Sobreviver ao Primeiro Mês de Amamentação



Já lá vai o tempo em que nos diziam que amamentar é uma coisa perfeitamente natural, todos podem fazer e que se não o fizermos somos… (preencham o espaço em branco como quiserem). Claro que poderão sempre ter de ouvir as avós e tias velhas a dizer que elas não tiveram problema nenhum e que é tudo mariquice, mas a verdade é que elas provavelmente não se lembram, ou tiveram de comer e calar, porque uma mulher é feita para sofrer e todos aqueles clichés culturais do nosso querido Portugal.

Amamentar não é fácil! E para todas aquelas que querem desistir, só tenho uma coisa a dizer: têm o direito. Não se deixem levar por conversas de enfermeiras, tiradas directamente dos livrinhos nem por olhares reprovadores seja de quem for. Para as outras, que tal como eu tinham esse objectivo, aqui ficam umas dicas, de acordo com a minha experiência, que eu espero que ajudem. ;)




1. Informação

Não há maior inimigo da amamentação do que o desconhecimento. É muito fácil dizer que é importante para o bebé, mas há muitos mitos que interferem no processo e nos deixam com dúvidas e receios, que, aliados a todas as dificuldades, nos fazem desistir.

Informem-se o mais possível, junto dos profissionais de saúde (os conselhos da mãe são excelentes, mas também são eles que propagam a maioria dos mitos).

Uma das situações mais comum é o mito do leite fraco. Leite fraco não existe! O bebé chora por muitos motivos, não necessariamente fome. Para além disso, o bebé recém-nascido tem o estomâgo pequeno, a porção que bebe de cada vez que mama não chega para 3 ou 4 horas, como muita gente gosta de nos fazer crer. Um bebé que mama de hora a hora, não está a ser mal alimentado, está a ser… bebé.

O leite materno tem tudo o que o bebé precisa, TODAS as mulheres que produzem leite são capazes de dar os nutrientes que o bebé precisa. Para além disso, o leite materno funciona como medicação natural, super eficaz.


2. Creme Reparador

A probabilidade de fissuras é grande, especialmente nos primeiros tempos, por isso um bom creme reparador é fundamental. Não se esqueçam de levá-lo para a maternidade e por após cada mamada da criança. 


3. Ar

Normalmente, ninguém anda com o peito de fora para apanhar ar, especialmente, quando chegam aquelas visitas todas, muitas delas que nem queríamos receber e não nos largam… No entanto, é importante que o peito apanhe algum ar, para evitar a humidade e os tecidos a roçar na pele frágil e muitas vezes lesionada durante todo o tempo, dificultando significativamente a cicatrização.


4. Conchinhas

Como referi no ponto anterior, é preciso deixar a pele respirar, no entanto, não é fácil. A minha solução foi comprar umas conchinhas rijas que se colocam por dentro do sutiã e proporcionam um espaço onde nada toca no mamilo… Existem (que eu conheça) três marcas que oferecem este item, a Chicco, a Medela e a Tigex.

Permitem que os tecidos não raspem no mamilo e permitem uma circulação de ar, já que têm uns orifícios em cima, para não criar demasiada humidade.

O único inconveniente é, sem dúvida, o leite que se vai acumulando no fundo e quando nos baixamos ou fazemos determinados movimentos pode escorrer e sujar-nos a roupa. É chato, mas foi o meu método de “sobrevivência”, pois permitia ao mamilo recuperar (com muuuuito creme) entre mamadas.


5. Bomba saca-leite

O cansaço pesa e contribui para muito mau-estar, de vez em quando, é preferível tirar algum leite e deixar o biberão prontinho para o papá dar (informem-se sobre a forma de armazenar o leite de forma segura).

Quando há fissuras e dores, a bomba também pode ser uma forma de ajudar e não interromper a amamentação. Muitas vezes, há o receio de que o bebé não volte a pegar no peito. Nunca tive esse problema, mas se realmente vos preocupa, há vários biberãos e tetinas para reduzir esse risco. Informem-se junto da enfermeira assistente ou numa farmácia.


6. Procurar ajuda

Já ouviram falar em conselheira de amamentação? Pois é, existem e são especialistas em casos difícies. Quando as dicas das pessoas próximas não chegam, lembrem-se que não é o fim. Muitos hospitais públicos e Centros de Saúde têm o que eles chamam de “Cantinho da Amamentação”, onde durante um determinado horário terão à vossa disposição, uma especialista que poderá ajudar e acreditem que é um bom apoio.

Muitas de nós sentimos que isto nos vai tirar o controlo sobre as decisões que tomamos sobre os nossos filhos, mas não é assim, estas profissionais vão respeitar o vosso espaço, vivências e decisões. E, caso não sintam empatia com a primeira pessoa, procurem outra. Não há mal nenhum em explorar todas as hipóteses, o importante é que se sintam bem e conscientes das vossas escolhas.

Têm ainda à vossa disposição várias instituições e linhas de apoio à amamentação, basta uma pequena pesquisa no internet e verão que existem várias alternativas.


7. Amamentem onde se sentirem confortáveis

Algumas mulheres sentem-se desconfortáveis em amamentar em frente a outras pessoas. Não se inibam de pedir que se retirem, ou retirarem-se vocês para um sítio mais confortável.

Não tenham receio de ser mal educadas, nem se sintam mal. Afinal, quem devia sentir-se mal é a pessoa que está a ser incoveniente.

Um local calmo, onde estejam bem sentadas e com uma garrafinha ou copo de água ao lado (amamentar dá muita sede) pode fazer milagres. Protejam-se e encontrem o vosso bem-estar. Não se preocupem com os outros e convidem as visitas a sair se forem realmente incovenientes.


8. Alimentação da mãe

Há muitos mitos no que diz respeito à alimentação da mãe que amamenta, mas são apenas isso: mitos. A mãe que amamenta pode comer o que quiser e beber quanta água lhe apetecer (volto a repetir, levem sempre um copo para junto de vocês quando vão amamentar, dá imensa sede).

Não há alimentos proibidos, as cólicas são geradas pela imaturidade do sistema digestivo da criança e não pelo que a mãe ingere. Quanto à água, é importante beber água, tal como é para qualquer outra pessoa, não se deixem levar por exageros e bebam os líquidos que tiverem vontade.


9. Calma, calma e calma 

O nascimento de uma criança é, por si só, motivo de grandes preocupações e nós temos a tendência para exigir demasiado de nós mesmas. Manter a calma é essencial em qualquer situação, pois o bebé sente a nossa tensão e isso não facilita em nada o processo.

Amamentar é difícil, dêem permissão a vocês mesmas para lidar com as próprias frustrações e não permitam que os outros exerçam pressões sobre vocês. Amamentar é um momento lindo e deve ser vivido pela mãe como tal. Boa sorte!

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